Hoje falaremos de um certo probleminha que afeta algumas pessoas e que causa um desconforto irritante, a Colelitiase, ou a famosa PEDRA NA VESÍCULA.
Colelitiase é a presença de cálculo (pedra) no interior da vesícula biliar. A
vesícula biliar tem o formato de pêra, com tamanho aproximado de 10 cm.
Está localizada perto do fígado e tem como função o armazenamento da
bile. A bile é prozuzida pelo fígado e é levada até a vesícula biliar
para ser armazenada e eliminada na presença do alimento, principalmente
rico em gorduras.
A
contração da vesícula biliar ocorre quando temos a presença de
alimentos no intestino sendo a bile assim despejada e misturada no
duodeno (parte inicial do intestino delgado) com o alimento que veio do
estômago.
Tipos de cálculos biliares:
Existem 3 tipos de cálculos (de
colesterol, bilirrubinato de cálcio e marrom), sendo que 2 deles são formados no interior da vesícula biliar, são eles:
Cálculo de Colesterol: é a composição da maioria dos cálculos, sendo
que normalmente não é puramente de colestrol, tendo o cálcio como outro
componente. Tem como fator de risco: mulheres,
obesidade,
multíparas (mulheres que tiveram muitos filhos), história na família,
hipertrigliceridemia (aumento do triglicerídeos no sangue), gestantes,
etc.
Cálculo de Bilirrubinato de Cálcio (calculo preto): é o 2º cálculo
mais comum, sendo mais comum em doentes que tem destruição das hemáceas
(hemólise crônica) como:
anemia falciforme, esferocitose entre outras.
O cálculo de pigmento marrom ou castanho equivale a 5% dos cálculos e
não é formado na vesícula biliar, sendo normalmente formado no colédoco
que possui deformidades (estreitamento, obstrução…).
Como ocorre o cálculo na vesícula biliar?
Normalmente a capacidade da vesícula biliar é de somente 40- 50 ml,
sendo que são produzidos diariamente 600 ml de bile. A vesícula biliar
só consegue armazenar essa quantidade de bile devido a sua capacidade de
absorção, ela absorve água e eletrólitos concentrando a bile entre 5 a
10x. Essa concentração pode afetar a solubilidade de dois importantes
componentes dos cálculos biliares: colesterol e cálcio. O cálculo ocorre
devido o aumento da concentração de colesterol e cálcio.
SINTOMAS:
A maioria dos pacientes com cálculos biliares não manifestará
qualquer sintoma durante a vida. A taxa de aparecimento de sintomas é de
apenas 1% ao ano nos doentes assintomáticos.
Porém
quando se tem sintoma ele se manifestará através da cólica biliar, que
se dá quando o cálculo fica preso na saída da vesícula biliar
(infundíbulo ou no ducto cístico) transitoriamente (4-6h). Quando o
cálculo fica impactado por mais de 4-6h teremos um outro quadro chamado
de
colecistite.
A cólica biliar é uma
dor
aguda e contínua, caracteristicamente localizada na topografia de
vesícula biliar ou acima do umbigo, podendo apresentar irradiação para a
escápula direita. Muitas vezes a dor ocorre após refeição com alimentos
gordurosos, refeição que se segue a jejum prolongado ou mesmo após uma
refeição habitual.
O
motivo da dor é sempre a obstrução da luz da vesícula por um cálculo.
Uma associação com a alimentação ocorre em somente 50% dos casos. No
restante dos pacientes, a dor não é relacionada com a alimentação e tem
inicio no período noturno, acordando o paciente de seu sono. A duração
da dor é tipicamente de 1-5h.As crises raramente persistem por mais de
24hs ou por menos de 1 hora. Se persistir por mais de 24h deve-se pensar
em inflamação aguda ou colecistite.
Os episódios de cólica biliar se repetem em intervalos de dias ou
meses, sendo normalmente menos freqüentes do que 1 crise por semana.
Outros sintomas como náuseas e vômitos comumente acompanham cada
episódio (60-70% dos casos).
DIAGNÓSTICO:
O
primeiro exame a ser solicitado na suspeita de Colelitíase é a
Ultrassonografia. Além de visualizar os sistemas biliares intra e
extra-hepáticos (revelando dilatações), ainda permite a observação do
fígado e do pâncreas.
TRATAMENTO:
Quando o paciente não possui sintomas do cálculo biliar, a cirurgia
(colecistectomia) não está indicada, exceto quando: o cálculo é maior
que 3 cm, está associado a pólipos, vesícula em porcelana, anomalia
congênita da vesícula, microesferocitose.
Já nos pacientes que apresentam sintomas (cólica biliar) deverá ser realizada a remoção cirúrgica da vesícula (colecistectomia).